Análise comparativa dos efeitos sedativos da dexmedetomidina por via intranasal ou intramuscular em suínos de experimentação
Mestrado em Ciência Animal com Ênfase em Produtos Bioativos
Autor: Raquel Jordana de Mello Pires de Carvalho
Orientador: Salviano Tramontin Bellettini
Defendido em: 30/08/2024
A anestesia e sedação em suínos é considerada desafiadora, devido ao estresse constante e as particularidades metabólicas que esta espécie apresenta. A aplicação de fármacos pela via intranasal destaca-se por ser pouco invasiva, indolor e por sua alta absorção e biodisponibilidade. Esta via alternativa exclui o metabolismo de primeira passagem pelo fígado e acessa rapidamente o sistema nervoso central. Este trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos sedativos, escore de sedação e parâmetros fisiológicos da administração de dexmedetomidina (DEX) na dose de 25mcg/kg pela via intranasal (IN), e comparar com a dose 25 mcg/kg pela via intramuscular (IM) em suínos. Foram selecionados 10 suínos hígidos que participaram de um ensaio duplo-cego randomizado, com idade de 60 à 70 dias e pesos entre 10,30 à 13,80 (±11,20 kg). A sedação foi avaliada por meio de uma escala modificada para a espécie, e concomitante foram mensurados parâmetros fisiológicos durante este período, incluindo frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), temperatura (T), glicemia (GL), pressão arterial sistólica (PAS) e saturação periférica de oxigênio (SpO2). As avaliações iniciavam antes da aplicação dos fármacos (basal, T0), e após 10 minutos da aplicação, repetidas a cada 10 minutos, durante o período de uma hora (T10- T60). Visto a análise estatística, análise de variância e teste de Tukey para comparação de médias dos parâmetros (p<0,05) evidenciou melhor resposta sedativa nos pacientes que receberam a dose de DEX 25 mcg/kg por via IM. Nos animais deste grupo, a via IM se apresentou com maior bradipneia em T10, T20 e T30 e pontuou um maior escore de sedação em relação a via IN. Ambas as vias apresentaram um pico de sedação em T30, entretanto a via IM demonstrou uma maior janela terapêutica. A FC se comportou de maneira significativa entre os grupos sendo maior na via IN em relação ao basal (T0), assim como a Tº que também apresentou significância entre os grupos, sendo superior em todos os tempos. A SpO₂ permaneceu sem diferença entre as vias e os grupos. A GL apresentou diferença em T60 para a via IM, sendo maior no último tempo da avaliação. Ao correlacionar ambas as vias, foi observado uma maior sedação na IM. Neste grupo os pacientes tiveram um menor tempo de latência, um pico de sedação maior e constante até T60 e parâmetros fisiológicos compatíveis com a sedação promovida pelo fármaco. Contraproducente, a via IN não demonstrou uma sedação satisfatória para manipulação dos pacientes, tornando a dose de 25 mcg/kg de DEX insuficientes nesta espécie e contestando a eficácia da via IN em suínos. Uma hipótese para tal se deve ao fato de que 99% dos animais deglutiram na aplicação IN. Tal deglutição diminui a absorção do fármaco pelo sistema nervoso central. Além disso, suínos são comprovadamente mais tolerantes ao uso de agonista alfa-2adrenérgicos como é o caso da DEX. A via IM continua sendo eficaz para aplicação de sedativos nesta espécie.
Agosnista alfa dois adrenérgico. Mucosa Nasal. Sus Scrofa Domesticus.
. Comparative Analysis of the Effects Sedative of Intranasal or Intramuscular Dexmedetomidine in Experimental Pigs.
Anesthesia and sedation in pigs is considered challenging due to the constant stress and metabolic peculiarities of this species. The application of drugs via the intranasal route stands out for being minimally invasive, painless and for its high absorption and bioavailability. This alternative route excludes first-pass metabolism by the liver and quickly accesses the central nervous system. This study aimed to evaluate the sedative effects, estimate a sedation score and analyze the physiological parameters of the administration of dexmedetomidine (DEX) at a dose of 25 mcg/kg via the intranasal (IN) route, and compare it with the dose of 25 mcg/kg via the intramuscular (IM) route in pigs. For this purpose, 10 healthy and hybrid pigs were selected and participated in a randomized double-blind trial, aged 60 to 70 days and weighing between 10.30 and 13.80, with an average weight of 11.20 kg. Sedation was assessed using a scale modified for the species, and physiological parameters were concomitantly measured during this period, including heart rate (HR), respiratory rate (RR), temperature (T), blood glucose (GL), systolic blood pressure (SBP) and peripheral oxygen saturation (SpO2). Assessments began before drug application (baseline, T0), and 10 minutes after application, repeated every 10 minutes, for a period of one hour (T10-T60). Statistical analysis, analysis of variance and Tukey's test for comparison of means of parameters p<0.05 showed a better sedative response in patients who received the dose of DEX 25 mcg/kg intramuscularly. In animals in this group, the IM route presented greater bradypnea at T10, T20 and T30 and scored a higher sedation score in relation to the IN route. Both routes showed a sedation peak at T30, however the IM route demonstrated a larger therapeutic window, 20 minutes longer. HR behaved significantly between the groups, being higher in the IN route in relation to the basal (T0), as well as Tº, which also showed significance between the groups, being higher at all times. SpO₂ remained without difference between the routes and the groups. GL acted differently at T60 for the IM route, being higher at the last time of the evaluation. When correlating both routes, greater sedation was observed in the IM route. In this group, the patients had a shorter latency time, a greater and constant sedation peak until T60 and the physiological parameters compatible with the drug's sedation. Counterproductive, the IN route did not demonstrate satisfactory sedation for patient manipulation, making the dose of 25 mcg/kg of DEX and route insufficient in this species and challenging the efficacy of the IN route in pigs. One hypothesis for this is that 99% of the animals swallowed during the IN application. This swallowing reduces the absorption of the drug by the central nervous system. In addition, pigs have been shown to be more tolerant to the use of alpha-2 adrenergic agonists, such as DEX. Further research focusing on the response of these variants and the pharmacokinetics of DEX via the IN route may help validate this route and titrate the dose. In conclusion.
Alpha-2 adrenergic agonist. Nasal mucosa. Sus Scrofa Domesticus