Pesquisa
Análise Morfométrica da Parede Jejunal
Mestrado em Ciência Animal com Ênfase em Produtos Bioativos
Autor: Jorge Fernandes de Azevedo
Orientador: Eduardo José de Almeida Araújo
Defendido em: 15/04/2010
Resumo
A desnutrição é ainda um dos problemas mais devastadores em todo mundo, principalmente em países em desenvolvimento. Diversos órgãos são afetados por esta doença, dentre eles o intestino, o que agrava ainda mais o estado de depleção do organismo. Estudos experimentais sobre desnutrição protéica têm demonstrado redução da espessura dos estratos da parede intestinal. Por outro lado, vários estudos zootécnicos demonstram que o uso de probióticos tem demonstrado eficácia para ganho de massa corporal. Em função disso, objetivou-se analisar morfometricamente a parede do jejuno de ratos desnutridos proteicamente e suplementados com probióticos. Para tanto, utilizaram-se 20 ratos (Rattus norvegicus) Wistar, recém-desmamados foram distribuídos em quatro grupos: animais que receberam a dieta comercial (G1, n = 5); animais que receberam a mesma ração do grupo G1 e foram suplementados com probióticos (G2, n = 5); animais que receberam uma dieta de com 4% de proteínas (G3, n = 5); animais que receberam a mesma ração do grupo G3 e foram suplementados com probióticos (G4, n = 5). A cultura probiótica utilizada foi a ABT-4 CHR.HANSEN contendo Lactobacillus delbrueckii ssp. Bulgaricus; Streptococcus salivarius ssp. Thermophilus; Bifidumbacterium bifidus e Lactobacillus acidhophillus. Após 12 semanas, os animais foram anestesiados para remoção do jejuno, o qual foi mensurado quanto ao seu comprimento e largura, visando calcular sua área. Anéis intestinais foram submetidos à rotina de processamento histológico. Cortes transversais de 3 m foram corados com HE e técnicas histoquímicas para evidenciação de glicoconjugados: Periodic Acid Schifff (PAS) + solução de diástase e Alcian Blue (AB) pH 2,5 e pH 1,0. Observou-se que a desnutrição provocou um menor crescimento do jejuno dos animais desnutridos não suplementados com probióticos. Os achados quanto à análise morfométrica da parede do jejuno demonstraram que a altura dos enterócitos aumentou 5,1% nos animais do G2 em relação aos do G1. Por outro lado, não houve alteração significativa da altura dos enterócitos entre os animais do G4 e G1 e houve uma redução deste parâmetro entre os animais do G4 e G2. Quanto à túnica mucosa, observou-se redução de sua espessura nos animais do G3 em relação aos do G1. Verificou-se também uma redução deste estrato da parede intestinal nos animais do G4, porém menos intensa (7,4%) do que nos do G3 (13,5%), quando comparados aos animais normonutridos (G1). Além disso, observou-se que nos animais dos grupos que foram suplementados com probióticos (G2 e G4) houve um aumento da altura dos vilos, independentemente de serem normonutridos (G2) ou desnutridos (G4). Por outro lado, a largura dos vilos comportou-se de forma heterogênea, já que aumentou nos animais do G2 e G3 (quando comparados aos do G1) e reduziu nos animais do G4 (quando comparados aos do G2 e G3). Quanto às criptas intestinais, sua profundidade diminuiu nos animais desnutridos sem suplementação com probióticos (G3), contudo nos animais desnutridos que receberam suplementação com probióticos (G4) permaneceram similares às dos animais normonutridos (G1). A tela submucosa foi a única camada da parede intestinal que não sofreu alteração em nenhum dos grupos. A espessura da túnica muscular reduziu em todos os animais desnutridos, contudo em menor intensidade (10,7%) nos animais suplementados com probióticos do que nos animais sem a suplementação (18,0%). Como houve aumento da maioria dos parâmetros avaliados na parede jejunal dos animais normonutridos e suplementados com probióticos (G2), observou-se que a espessura total da parede deste órgão estava 5,0% maior em relação aos animais do G1. Entretanto, nos animais desnutridos e suplementados com probióticos (G4) verificou-se que alguns componentes da parede intestinal tiveram aumento enquanto outros reduziram, o que contribuiu, por fim, para que a espessura total da parede deste órgão não tivesse nenhuma diferença significativa em relação aos animais normonutridos (G1). A proporção de células caliciformes em relação ao número de enterócitos permaneceu inalterada entre os grupos independentemente das técnicas histoquímicas utilizadas. Dessa forma, conclui-se que a análise morfométrica da parede intestinal revelou que a cultura probiótica utilizada neste estudo provocou hipertrofia de vários estratos da parede jejunal de animais normonutridos e diminuiu a atrofia normalmente observada na parede intestinal de animais desnutridos proteicamente. Além disso, a desnutrição e o uso de probióticos não alteraram a relação entre o número de células caliciformes e o número de enterócitos.
Palavras-chave
desnutrição protéico-energética; probióticos; sistema digestório. Intestino; histologia; morfometria; mucinas
Title
Morphometric analysis of the jejunal wall of protein malnourished rats supplemented with probiotics
Abstract
Malnutrition is still one of most devastating problems around the world, especially in developing countries. Several organs are affected by such disease, including the gut, which highly aggravates the state of depletion of the organism. Experimental studies on protein malnutrition have demonstrated decrease of the thickness of the strata of the intestinal wall. On the other hand, a number of zootechnical studies show that the use of probiotics has proven to be efficient to gain body mass. Therefore, we aimed at analyzing morphometrically the jejunal wall of protein malnourished rats supplemented with probiotics. Twenty Wistar weanling rats (Rattus norvegicus) were distributed in four groups: animals fed a commercial diet (G1, n = 5); animals fed the same diet as G1 and supplemented with probiotics (G2, n = 5); animals fed a 4%-protein diet (G3, n = 5); animals fed the same diet as G3 and supplemented with probiotics (G4, n = 5). The probiotic culture was ABT-4 CHR.HANSEN containing Lactobacillus delbrueckii ssp. Bulgaricus; Streptococcus salivarius ssp. Thermophilus; Bifidumbacterium bifidus and Lactobacillus acidhophillus. After 12 weeks, the animals were anesthesized for the removal of the jejunum, which was measured with respect to its length and width for the calculation of its area. Intestinal rings were subjected to histological routine. Transversal cuts (3 m) were stained with HE and histochemical methods to evidence the glycoconjugates: Periodic Acid Schifff (PAS) + diastase solution and Alcian Blue (AB), pH 2.5 and pH 1.0. Malnutrition was observed to cause low growth of the jejunum in malnourished animals not supplemented with probiotics. The findings regarding the morphometric analysis of the jejunal wall showed that the height of the enterocytes increased 5.1% in the animals from G2 in relation to those from G1. On the other hand, there was no significant change in the height of the enterocytes in the animals from G4 and G1. This parameter was decreased among the animals from G4 and G2. Decrease of the mucosa thickness was observed in the animals from G3 in relation to those from G1. Decrease of this intestinal wall stratum was also observed in the animals from G4, however, less intense (7.4%) than in the G3 (13.5%) when compared to the well-nourished animals (G1). Besides, increase of the villous height, despite of being well-nourished (G2) or malnourished (G4), was observed in the animals from the groups supplemented with probiotics (G2 and G4). On the other hand, villous width behaved heterogeneously as it increased in the animals from G2 and G3 (when compared to G1) and decreased in the animals from G4 (when compared to G2 and G3). The depth of the intestinal crypts decreased in the malnourished animals not supplemented with probiotics (G3), although it remained similar in the well-nourished animals (G1) and the malnourished animals supplemented with probiotics (G4). The submucosa was the only unchanged layer of the intestinal wall in any of the groups. The external muscle thickness decreased in all malnourished animals, however, it was less intense (10.7%) in the animals supplemented with probiotics than in the animals not supplemented (18.0%). As there was an increase in most of the parameters evaluated in the jejunal wall in the well-nourished animals supplemented with probiotics (G2), the total thickness of the wall in the organ was 5.0% higher than in the animals from G1. However, in the malnourished animals supplemented with probiotics (G4), some components of the intestinal wall increased while other decreased, what thus contributed for the total thickness of the wall in that organ to have presented no significant difference in relation to the well-nourished animals (G1). The proportion of globet cells in relation to the number of enterocytes remained unaltered among the groups despite of the histochemical methods used. Thus, we concluded that the morphometric analysis of the intestinal wall revealed that the probiotic culture used in this study caused hypertrophy of several strata in the jejunal wall in the well-nourished and decreased the atrophy normally observed in the intestinal wall in protein malnourished animals. Moreover, malnutrition and the use of probiotics did not change the relation between the number of globet cells and the number of enterocytes.
Keywords
Protein-energy malnutrition (PEM); probiotics; digestive system; gut; histology; morphometry; mucins.