Atividades biológicas e composição química do óleo essencial de Gallesia integrifólia (Spreng.) Harms (Phytolaccaceae)
Doutorado em Biotecnologia Aplicada à Agricultura
Autor: Keila Fernanda Raimundo
Orientador: Zilda Cristiani Gazim
Defendido em: 22/09/2017
Gallesia integrifolia (Phytolaccaceae), conhecida popularmente como pau d’alho, é uma espécie nativa da América do sul. O óleo essencial (OE) dos frutos, folhas e flores de pau d’alho apresenta como principais constituintes químicos os organosulfurados, os quais estão relacionados com as propriedades biológicas exibidas pelo OE. Esta tese foi dividida em quatro capítulos, sendo que no capítulo I avaliou-se a atividade do OE sobre as larvas do terceiro estádio e pupas do Aedes aegypti. O OE (frutos, folhas e flores) de pau d’alho foi obtido pela técnica de hidrodestilação e analisado por GC/EM. Foi realizado o Teste de Imersão das larvas e das pupas em concentrações que variaram de 1500 a 0,00074 µg/mL. Os resultados mostraram maior atividade para as larvas, onde o OE das folhas e flores se mostrou mais ativo com (DL99,9 de 0,0097 µg/mL) e (DL99,9 0,021 µg/mL), respectivamente. No capítulo II, o material vegetal in natura (frutos, folhas e flores) foi analisado por GC/EM pela técnica de headspace dinâmico. Foi realizada o Teste de Imersão de Adultos e Teste de Imersão Larval sobre o carrapato bovino Rhipichephalus (Boophilus) microplus. O OE dos frutos, folhas e flores proporcionou alta atividade frente às larvas, apresentando DL99,9 de (0,23 ± 0,01 mg/mL), (2,15 ± 0,11 mg/mL) e (0,08 ± 0,00 mg/mL), respectivamente. No capítulo III, avaliou-se a atividade antimicrobiana do OE dos frutos de pau d’alho. Os fungos testados foram: Aspergillus fumigatus (ATCC 1022), Aspergillus niger (ATCC 6275), Aspergillus ochraceus (ATCC 12066), Aspergillus versicolor (ATCC 11730), Penicillium funiculosum (ATCC 8725), Penicillium ochrochloron (ATCC 9112), Penicillium verrucosum var. cyclopium (isolado de alimentos) e Trichoderma viride (IAM 5061). A concentração inibitória mínima (CIM) foi determinada pela técnica de microdiluição em série (1mg/mL de OE). A atividade fungicida (CFM) para o óleo essencial variou de 0,02 a 0,18 mg/mL e os controles bifonazol e cetoconazol de 0,20 a 3,50 mg/mL, indicando forte atividade principalmente contra P. ochrochloron, A. fumigatus, A. versicolor, A. ochraceus e T. viride, apresentando concentração fungicida mínima (CFM) de 20 a 175 vezes menor que os controles positivos. No capítulo IV foram analisadas as atividades anti-inflamatória, antitumoral e citotóxica do OE dos frutos de pau d’alho. O OE dos frutos foi utilizado nas concentrações que variaram de 8000 a 50 µg/mL. Para a atividade anti-inflamatória foi utilizada linhagem de macrófagos RAW 264.7 de camundongos; e o resultado encontrado foi (EC50 = 54.62 ± 3.69 µg/mL). Para a atividade antitumoral foram utilizadas quatro linhagens de células: MCF-7 (adenocarcinoma de mama), NCI-H460 (carcinoma de pulmão de células não pequenas), HeLa (carcinoma cervical) e HepG2 (carcinoma hepatocelular), e o OE mostrou maior atividade frente às células MCF-7 com (65,75 ± 2,44 µg/mL). A atividade citotóxica, mensurada em células não-tumorais de fígado fresco de suínos (PLP2), apresentou resultados superiores a 400 µg/mL. Este resultado indica que o OE dos frutos de pau d’alho não apresenta citotoxicidade, o que significa pode ser utilizado com segurança em formulações de uso alimentar, na pecuária e no controle do Aedes Aegypti.
Pau d’alho, Aedes aegypti L, Rhipicephalus (Boophilus) microplus, antifúgico, organosulfurados, antinflamatório, antitumoral, citotoxicidade.
Biological Activities and Chemical Composition of Essential Oil of Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms (Phytolaccaceae)
Gallesia integrifolia (Phytolaccaceae), popularly known as pau d’alho, is a species native to South America. The main compounds present in OE of fruits, leaves and flowers of pau d’alho are organosulphurized, which are directly related to the biological properties exhibited by EO and also to the strong alliaceous odor that exudes from the plant. In front of the results obtained for the biological activities of EO of the fruits, leaves and flowers of pau d’alho, this thesis was divided into four chapters. In chapter I, was evaluated the activity of the EO on larvae of the third stage and pupae of Aedes aegypti. The EO of the fruits, leaves and flowers of pau d’alho was obtained by the hydrodistillation technique and analyzed by GC/MS. The methodology was performed by the immersion test of larvae and pupae at concentrations ranging from 1500 to 0.00074 µg/mL. The results showed higher activity for the larvae, being (LD99.9 of 0.0097 µg/mL) for the leaves EO; followed by (LD99.9 0.021 µg/mL) for the flowers EO and (LD99.9 5.87 µg/mL) for the fruits EO. In chapter II, the EO of fruits, leaves and flowers were analyzed by GC/MS by the dynamic headspace technique. The methodology for the ticks Rhipichephalus (Boophilus) microplus was performed by the adult immersion test and larval immersion test. The EO of fruits, leaves and flowers provided high activity in the larval cycle of the tick, presenting LD99.9 of (0.23 ± 0.01 mg/mL), (2.15 ± 0.11 mg/mL) e (0.08 ± 0.00 mg/mL), respectively. In the chapter III, the antimicrobial activity of EO of pau d’alho fruits was evaluated. The fungi tested were: Aspergillus fumigatus (ATCC 1022), Aspergillus niger (ATCC 6275), Aspergillus ochraceus (ATCC 12066), Aspergillus versicolor (ATCC 11730), Penicillium funiculosum (ATCC 8725), Penicillium ochrochloron (ATCC 9112), Penicillium verrucosum var. cyclopium (isolado de alimentos) and Trichoderma viride (IAM 5061). The methodology used to determine the minimum inhibitory concentration (MIC) was performed by serial microdilution (1 mg/mL of EO) using microtiter plates in solid malt agar. The fungicidal activity (MFC) for the EO ranged from 0.02 to 0.18 mg/mL and the bifonazole and ketoconazole controls from 0.20 to 3.50 mg/mL, indicating strong activity against all tested fungi, especially against P. ochrochloron, A. fumigatus, A. versicolor, A. ochraceus and T. viride, presenting minimum fungicidal concentration (MFC) of 20 to 175 times less than the positive controls (bifonazole and ketoconazole). In the chapter IV the anti-inflammatory, antitumor and cytotoxic activities of EO of the pau d’alho fruits were analyzed. The EO of the fruits was used in the concentrations ranging from 8000 to 50 μg/mL for the execution of the bioassays. For the anti-inflammatory activity was used a RAW 264.7 macrophages strain of mice; and the result found was (EC50 de 54.62 ± 3.69 µg/mL), which corresponds to the concentration of EO that inhibited 50% of nitric oxide (NO) production. For the antitumor activity four human tumor cell lines were used: MCF-7 (breast adenocarcinoma), NCI-H460 (non-small cell lung cancer), HeLa (cervical carcinoma) and HepG2 (hepatocellular carcinoma) and the results obtained for each lineage were: (65.75 ± 2.44 µg/mL), (147.32 ± 5.01 µg/mL), (182.13 ± 6.21 µg/mL) and (240.47 ± 9.52 µg/mL), respectively. The cytotoxic activity was measured in non-tumor cells from fresh liver of pigs (PLP2), showing results higher than 400 μg/mL, indicating that the EO of pau d’alho fruits is non cytotoxic. The sulfide compounds identified in EO were responsible for the anti-inflammatory and antitumor potential, thus indicating that this EO can be safely used in formulations for food use, livestock and in the control of Aedes aegypti.
Pau d’alho, Aedes aegypti L, Rhipicephalus (Boophilus) microplus, antifungal, organosulfuric, anti-inflammatory, antitumor, cytotoxicity.