Avaliação clínica, hematológica, bioquimica sérica e marcadores de estresse oxidativo em equinos sororeagentes para Theileria equi e Babesia caballi.
Mestrado em Ciência Animal com Ênfase em Produtos Bioativos
Autor: Arthur Borges Neto
Orientador: Luis Romulo Alberton
Defendido em: 30/12/2017
Segundo o MAPA (2015), o Brasil possui o maior rebanho de equinos da América Latina, sendo o terceiro maior criador de equinos do mundo, com uma população de equídeos de aproximadamente oito milhões, e este segmento é responsável por mais de 3,2 milhões de empregos diretos e indiretos. Segundo Reed & Bayly (2000), dentre as doenças que acometem os equinos, a babesiose produzida por parasitas protozoários, entre eles destacam-se a Babesia caballi e a Theileria equi, classificadas como a única doença parasitária intra-eritrocitárias de equinos, são transmitidas por vários fatores, entre eles: sangue contaminado, fômites, iatrogenicamente, instrumentos veterinários contaminados, e principalmente os carrapatos, sendo os carrapatos vetores naturais. A evolução da doença pode ser classificada como aguda, sub-aguda ou crônica, e tendo como sinais clínicos: febre, depressão, anorexia, fraqueza, ataxia, lacrimejamento, secreção nasal mucóide, quemose, icterícia e hemoglobinúria, anemia hemolítica nos exames laboratoriais. Deve-se destacar que a doença Theileria equi é considerada muito mais grave que a doença Babesia caballi em alguns casos a doença causada pela Theileria equi pode levar a morte em até 48 horas, ou evoluir para uma doença crônica persistindo os sintomas de febre e anemia hemolítica. (REED & BAYLY, 2000); (REGO, 2008). O objetivo deste trabalho foi determinar a prevalência de animais infectados por Babesia caballi e Theileria equi e os efeitos sobre os parâmetros hematológicos, bioquímicos, e o efeito do estresse oxidativo (Lipoperoxidação e Glutationa reduzida) em equinos atletas estabulados na Sociedade Rural de Maringá. Foram utilizados neste trabalho 122 equinos, sendo 31 fêmeas e 91 machos; deste total 106 equinos da raça Quarto de Milha (QM), nove equinos sem raça definida (SRD), três equinos Paint Horse (PH), dois equinos crioulo (CC), dois equinos puro sangue Árabe (PSA), com idade variando de 24 meses à 260 meses (100,76±52,01), e que não apresentaram qualquer sinal clínico que indicasse uma doença específica. As coletas foram realizadas no período de julho de 2017 a agosto de 2017. Os dados foram analisados pelo teste t, seguido pelo pós-teste de Mann Whitney. Os valores foram apresentados como média ± E.P.M. e o nível de significância adotado foi de 95% (p < 0,05). Também foi utilizado software Minitab 18 para o modelo linear generalizado (GLM). Através dos resultados obtidos pelo teste ELISA para Babesia caballi e Theileria equi, optou-se em dividir os achados do teste ELISA em 3 grupos denominado de Hemop. Desta forma o grupo Hemop. apresenta-se da seguinte forma: Hemop 1 – equinos soro reagentes para Theileria equi; Hemop 2 – equinos soro negativos; Hemop 3 – equinos soro reagentes para Babesia caballi + Theileria equi. Hemop 4 - soroo reagente para Babesia caballi. Ao realizar os testes de bioquímica sérica para creatinina, verificou-se que 07 (5,74 %) equinos soro negativos apresentaram índice de creatinina elevado, suspeitando de lesão renal, quanto aos equinos soro reagentes para Theileria equi 10 (8,20%) equinos apresentaram níveis séricos de creatinina elevados; os equinos do grupo Hemop 3 apresentaram os resultados 05 (4,10%) equinos com creatinina elevada. Porém, alguns dados obtidos estatisticamente, demonstraram correlação positiva entre creatinina e temperatura corporal (r= 0,234;p<0,05), indicando que conforme aumentava o nível sérico de creatinina ocorria aumento na temperatura corporal. No exame clínico 3 (2,46%) equinos apresentaram edemas visíveis em algum lugar específico do corpo, pode-se atribuir estes achados clínicos de edema com alto valor encontrado no exame bioquímico de creatinina, deve-se destacar que houve correlação significativa estatística (r=0,238;p<0,05) entre a presença de edema e ao aumento da creatinina sérica. Noleto (2012) realizou testes de perfil bioquímico em equinos de provas de enduro, e descreve que o exercício aumentou os níveis séricos de creatinina nos equinos testados, porém não teve comparação com nenhuma doença, apenas testou os animais em trabalho. Outro achado significativo em relação ao exame clínico foi o valor médio encontrado de TPC (2,12±0,42) e Mucosa (0,81±1,19), estes parâmetros apresentaram uma correlação positiva (r=0,249;p<0,05) indicando a confiabilidade dos dados e firmando clinicamente que as alterações se justificam. A média encontrada no valor de TPC condiz com equinos que demonstram alguma doença, seja pela nefropatia ou pela hemoparasitose, de qualquer forma justifica-se os exames clínicos com os achados laboratoriais, indicando que equinos com doença subclínica apresentam alterações semiológicas importantes. Em relação aos dados obtidos nos exames laboratoriais de bioquímico, destaca-se o valor obtido de CK (creatina quinase), esta enzima é utilizada como referência para mensurar lesões musculares em equinos. Desta forma os resultados obtidos neste estudo demonstraram que apenas cinco (4,09%) dos equinos apresentaram valores dentro da normalidade, o restante dos equinos estudados apresentaram algum grau de miopatia, visto a importância de analisar precisamente os dados do perfil muscular, foi dividido em quatro grupos de acordo com os níveis séricos de CK, sendo: zero sem lesão (2,4 – 23,4); um miosite leve (23,4 – 116); dois moderadamente aumentada (116 – 290); três aumentada >290. Em relação aos grupos Hemop, os resultados encontrados foram os seguintes, Hemop 2: quatro (3,28%) equinos que não apresentaram lesão muscular, 20 (16,40%) equinos que apresentaram lesão muscular leve, 11 (9,02%) equinos que apresentaram lesão muscular moderada, e zero (0,00%) equinos não apresentaram lesão aumentada; no grupo Hemop 4: um (0,82%) equino, este apresentou lesão muscular aumentada; no grupo Hemop 3: 23 (18,85%) equinos apresentaram lesão muscular leve, oito (6,56%) equinos lesão muscular moderada, quatro (3,28%) equinos lesão muscular aumentada; equinos soro reagentes para Theileria equi: quatro (3,28%) equinos não apresentaram lesão muscular, 30 (24,59%) equinos apresentaram lesão muscular leve, 13 (10,65%) equinos apresentaram lesão muscular moderada, e dois (1,64%) equinos não apresentaram lesão aumentada. Em relação aos parâmetros de estresse oxidativo, não foram encontradas diferenças significativas para os valores de glutationa reduzida (grupo negativo: 211.3 ± 2.08 µg GSH/ml, Theileria equi: 211,6 ± 2,19 µg GSH/ml e Babesia caballi: 213,11 ± 3,55 µg GSH/ml). Em relação aos níveis de lipoperoxidação, foi observado um aumento significativo nos cavalos positivos para Theileria equi (169,50 ± 3,33 nmol hidroperóxidos/ml) em comparação aos animais negativos (150,50 ± 5,64 nmol hidroperóxidos/ml). O referido estudo apresentou uma excelente metodologia, possibilitando observar alterações importantes na clínica de equinos, demonstrando a necessidade de exames complementares para o diagnóstico eficiente de doenças, na qual os equinos estudados estão suscetíveis aos microorganismos Babesiacaballi e Theileria equi. Desta maneira, demonstrou-se alterações bioquímicas indicativas de lesão muscular e lesões renais. O marcador de estresse oxidativo (lipoperoxidação) apresentou aumentado em equinos contaminados por Theileria equi.
Babesia caballi; Doenças Parasitais; Equinos Atletas; Estresse Oxidativo; Theileria equi.
Clinical, Hematological, Serum Biochemistry And Oxidative Stress Indicators In Equine Seroreagents For Theileria Equi And Babesia Caballi.
According to MAPA (2015), Brazil has the largest equine herd in Latin America, being the third largest equine breeder in the world, with a population of equids of approximately eight million, and this segment is responsible for more than 3.2 millions of direct and indirect jobs. According to Reed and Bayly (2000), among the diseases that affect horses, the babesiosis produced by protozoan parasites, among them Babesia caballi and Theileria equi, classified as the only parasitic disease in the erythrocytes of horses, are transmitted by several factors, among them: contaminated blood, fomites, iatrogenically, contaminated veterinary instruments, and especially the ticks, being the ticks natural vectors. The evolution of the disease can be classified as acute, subacute or chronic, and as clinical signs: fever, depression, anorexia, weakness, ataxia, lacrimation, mucoid nasal secretion, chemosis, jaundice and hemoglobinuria, hemolytic anemia in laboratory tests. It should be noted that Theileria equi disease is considered to be much more severe than Babesia caballi disease. In some cases, the disease caused by Theileria equi can lead to death within 48 hours or to a chronic disease with the persistence of fever and anemia hemolytic. (REED & BAYLY, 2000); (REGO, 2008). The objective of this work was to determine the prevalence of Babesia caballi and Theileria equi infected animals and the effects on hematological and biochemical parameters and the effect of oxidative stress (Lipoperoxidation and reduced Glutathione) on equine athletes housed in the Rural Society of Maringá. 122 horses were used, 31 females and 91 males; of this total 106 Quarter Horse (QM) horses, nine undefined horses (SRD), three Paint Horse equals, two Creole equines (CC), two purebred Arabian horses (PSA), ranging in age from 24 months to 260 months (100.76 ± 52.01), and who did not present any clinical signs that indicated a specific disease. The samples were collected from July 2017 to August 2017. Data were analyzed by t-test, followed by Mann Whitney's post-test. Values were reported as mean ± S.P.M. and the level of significance was 95% (p <0.05). Minitab 18 software was also used for the generalized linear model (GLM). Through the results obtained by the ELISA test for Babesia caballi and Theileria equi, it was decided to divide the ELISA test findings into 3 groups called Hemop. In this way the Hemop group. is presented as follows: Hemop 1 - equine serum reagents for Theileria equi; Hemop 2 - equine serum negative; Hemop 3 - equine serum reagents for Babesia caballi + Theileria equi. Hemop 4 - reagent serum for Babesia caballi. When performing the serum biochemistry tests for creatinine, it was verified that 07 (5.74%) equine serum negative had a high creatinine index, suspected of renal damage, as for equine serum reagents for Theileria equi 10 (8.20%), have elevated serum creatinine levels; the horses of the Hemop 3 group presented equine 05 (4.10%) results with elevated creatinine. However, some statistical data showed a positive correlation between creatinine and body temperature (r = 0.234; p <0.05), indicating that as the serum creatinine level increased, there was an increase in body temperature. In the clinical examination 3 (2.46%) horses showed visible edema at a specific place in the body, we can attribute these clinical findings of high-value edema found in the biochemical creatinine test, it should be noted that there was a statistically significant correlation r = 0.238, p <0.05) between the presence of edema and increased serum creatinine. Noleto (2012) performed biochemical profile tests on endurance horses, and described that exercise increased serum creatinine levels in the horses tested, but it was not compared to any disease, only the animals were tested on the job. Another significant finding regarding the clinical examination was the mean value found for TPC (2.12 ± 0.42) and Mucosa (0.81 ± 1.19), these parameters presented a positive correlation (r = 0.249; p <0 , 05) indicating the reliability of the data and clinically confirming that the alterations are justified. The mean value found for TPC matches horses that demonstrate some disease, whether due to nephropathy or hemoparasitosis. In any case, clinical exams with laboratory findings are justified, indicating that horses with subclinical disease present significant semiologic alterations. Regarding the data obtained in laboratory biochemistry exams, the value obtained from CK (creatine kinase) is highlighted, this enzyme is used as a reference for measuring muscle injuries in horses. In this way the results obtained in this study demonstrated that only five (4.09%) of the horses presented values within normal range, the rest of the horses studied presented some degree of myopathy, since the importance of precisely analyzing the muscle profile data was divided into four groups according to serum CK levels: zero without injury (2, 4-23.4); a mild myositis (23.4 - 116); two moderately increased (116-290); three increased> 290. Hemop 2: four (3,28%) horses with no muscle injury, 20 (16.40%) horses with mild muscle injury, 11 (9.02% ) equines that presented moderate muscle damage, and zero (0.00%) horses did not present an increased lesion; in the Hemop 4: one (0.82%) equine group, this presented increased muscle injury; in the Hemop 3: 23 (18.85%) equine group presented mild muscle injury, eight (6.56%) equine moderate muscle injury, four (3.28%) equines increased muscle injury; equine serum reactants for Theileria equi: four (3.28%) horses had no muscle damage, 30 (24.59%) horses had mild muscle injury, 13 (10.65%) had moderate muscle injury, and two (1 , 64%) horses did not present an increased lesion. There were no significant differences in the values of reduced glutathione (211.3 ± 2.08 μg GSH / ml, Theileria equi: 211.6 ± 2.19 μg GSH / ml and Babesia caballi: 213 , 11 ± 3.55 μg GSH / ml). In relation to the lipoperoxidation levels, a significant increase was observed in the horses positive for Theileria equi (169.50 ± 3.33 nmol hydroperoxides / ml) compared to the negative animals (150.50 ± 5.64 nmol hydroperoxides / ml). This study presented an excellent methodology, allowing to observe important changes in the clinical practice of horses, demonstrating the need for complementary tests for the efficient diagnosis of diseases, in which the horses studied are susceptible to the microorganisms Babesia caballi and Theileria equi. In this way, biochemical changes indicative of muscle injury and renal lesions were demonstrated. The marker of oxidative stress (lipoperoxidation) was increased in horses infected by Theileria equi.
Babesia caballi; Equine Athletes; Oxidative stress; Parasite Diseases; Theileria equi.