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Pesquisa


Avaliação do conhecimento dos profissionais de saúde sobre plantas medicinais e fitoterápicos em um município no noroeste do Paraná

Mestrado Profissional em Plantas Medicinais e Fitoterápicos na Atenção Básica
Autor: Alan Navarro Nunes
Orientador: Leonardo Garcia Velasquez
Defendido em: 27/06/2025

Resumo

A utilização de substâncias ativas pelo ser humano remonta à antiguidade. No Brasil, o conhecimento tradicional sobre plantas medicinais constitui a base da medicina popular. No ano de 2006 a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) foi desenvolvida para impulsionar toda a cadeia de fitoterápicos. Após quase duas décadas, a falta de conhecimento dos profissionais de saúde se torna um obstáculo para implementação de programas e recursos terapêuticos aos pacientes do Sistema Único de Saúde. Este trabalho foi um estudo transversal, exploratório e descritivo realizado com aplicação de questionário como instrumento de coleta de dados, em um município da região noroeste do Estado do Paraná. Seu objetivo foi avaliar o conhecimento dos profissionais de saúde sobre plantas medicinais e fitoterápicos, identificar as condições clínicas que mais levam os pacientes às unidades de saúde. Foram entrevistados 78 profissionais em sete unidades de saúde pertencentes ao SUS. Do total de 78 profissionais 41 possuem ensino superior e 37 não possuem. A maior categoria foram de Agentes Comunitários de Saúde (n=26), seguido por Técnicos de Enfermagem (n=24), Enfermeiros (n=10), Farmacêuticos (n=5), Dentistas (n=4), Fisioterapia (n=3), Psicólogos (n=3), Médicos (n=2), Nutricionista (n=1). Somente 15,3% dos entrevistados responderam que conheciam a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse no SUS. Apenas 21,7% dos entrevistados relataram saber orientar os pacientes quanto ao uso de plantas medicinais. Uma parcela correspondente a 20,5% dos entrevistados relatou ter recebido informações sobre plantas medicinais durante sua formação. Dos entrevistados, 95% afirmaram que toda a equipe deve estar informada acerca de plantas medicinais, enquanto 74% indicaram que toda a equipe deveria possuir formação específica sobre o tema. Quanto ao modo de uso das espécies da RENISUS, somente 8,2% dos profissionais assinalaram modo de uso parcialmente correto, 87,5% assinalaram modo de uso erroneamente e 4,3% assinalaram modo de uso corretamente. As espécies mais citadas foram camomila (Chamomilla recutita), babosa (Aloe spp), picão preto (Bidens pilosa), eucalipto (Eucalipytus globulus) e alho (Allium sativum). As condições mais prevalentes nas unidades de saúde foram Hipertensão (70), Diabetes (70), Resfriados (51), Ansiedade (47), Dor na coluna (43). O desconhecimento sobre a utilização das plantas medicinais é grande, não se relaciona com as condições clínicas mais prevalentes nas unidades de saúde, a maioria dos profissionais são favoráveis à capacitação sobre plantas medicinais, há falhas nas grades curriculares dos cursos da área da saúde, resultando em profissionais sem segurança de orientar e prescrever essa terapia tradicional, sendo fundamental a educação permanente destes profissionais, a maioria se mostrou favorável receber estes treinamentos. Diante disso, recomenda-se a criação de um programa estruturado e interinstitucional de capacitação em fitoterapia, visando à superação das lacunas formativas e à integração segura dessa prática na Atenção Básica. Tal iniciativa, sustentada por dados que evidenciam a receptividade dos profissionais e a prevalência de condições clínicas passíveis de tratamento complementar com fitoterápicos.

Palavras-chave

atenção primária à saúde, medicina tradicional, saúde pública.


Title

Assessment of health professionals' knowledge about medicinal plants and phytotherapeutics in a municipality in northwestern Parana.

Abstract

The use of active substances by humans dates back to ancient times. In Brazil, traditional knowledge of medicinal plants forms the basis of folk medicine. In 2006, the National Policy on Medicinal Plants and Phytotherapeutics (PNPMF) was developed to boost the entire phytotherapeutic chain. After nearly two decades, the lack of knowledge among healthcare professionals has become an obstacle to the implementation of therapeutic programs and resources for patients within the Unified Health System (SUS). This was a cross-sectional, exploratory, and descriptive study conducted using a questionnaire as a data collection tool in a municipality in the northwestern region of the state of Paraná. Its objective was to assess healthcare professionals' knowledge of medicinal plants and phytotherapeutics and identify the clinical conditions that most frequently bring patients to healthcare facilities. Seventy-eight professionals were interviewed in seven healthcare facilities within the SUS (Unified Health System). Of the 78 professionals, 41 had higher education and 37 did not. The largest category was Community Health Agents (n=26), followed by Nursing Technicians (n=24), Nurses (n=10), Pharmacists (n=5), Dentists (n=4), Physical Therapists (n=3), Psychologists (n=3), Physicians (n=2), and Nutritionists (n=1). Only 15.3% of respondents said they were aware of the National List of Medicinal Plants of Interest to the SUS (Unified Health System). Only 21.7% of respondents reported knowing how to guide patients on the use of medicinal plants. A portion corresponding to 20.5% of respondents reported having received information about medicinal plants during their training. Of those interviewed, 95% stated that the entire team should be informed about medicinal plants, while 74% indicated that the entire team should have specific training on the topic. Regarding the method of use of RENISUS species, only 8.2% of professionals indicated a partially correct method of use, 87.5% indicated an incorrect method of use, and 4.3% indicated a correct method of use. The most cited species were chamomile (Chamomilla recutita), aloe vera (Aloe spp.), black thistle (Bidens pilosa), eucalyptus (Eucalipytus globulus), and garlic (Allium sativum). The most prevalent conditions in the health units were hypertension (70), diabetes (70), colds (51), anxiety (47), and back pain (43). There is a significant lack of knowledge about the use of medicinal plants, which is unrelated to the most prevalent clinical conditions in healthcare settings. Most professionals are in favor of training on medicinal plants. However, there are gaps in the curricula of healthcare courses, resulting in professionals lacking the confidence to advise and prescribe this traditional therapy. Continuing education is essential for these professionals, and most expressed support for this training. Therefore, we recommend the creation of a structured, inter-institutional phytotherapy training program to bridge the educational gaps and safely integrate this practice into primary care. This initiative is supported by data demonstrating the receptiveness of professionals and the prevalence of clinical conditions amenable to complementary treatment with phytotherapeutics.

Keywords

primary health care, traditional medicine, public health.

Créditos

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