Brunfelsia uniflora: Aspectos fitoquímicos e farmacológicos dos extratos obtidos das folhas e flores
Mestrado em Ciência Animal com Ênfase em Produtos Bioativos
Autor: Marisa Cassia Vieira de Araujo Bento
Orientador: Zilda Cristiani Gazim
Defendido em: 23/02/2024
Brunfelsia uniflora, popularmente conhecida como manacá, pertence à família Solanaceae e é conhecida pela exuberância cromática e aromática de suas flores, sendo considerada uma espécie para paisagismo, encontrada em diversas regiões do Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. É utilizada pelos povos americanos, especialmente da região Amazônica como antidiarréico, anti-reumático, anti-sifilítico, depurativo, diurético, emético, vermífugo, purgativo. Estudos fitoquímicos das partes aéreas revelaram a presença de compostos ativos como benzenoides, terpenos, lactonas, alcaloides e lipídeos. Nas raízes encontram-se cumarinas, alcaloides, ligninas e sapogeninas. Escassos são os estudos farmacológicos e fitoquímicos desta espécie, com poucas informações sobre a utilização das raízes na medicina popular. Neste contexto, esta dissertação teve por objetivo investigar as atividades farmacológicas e fitoquímicas das folhas e flores de B. uniflora. A pesquisa realizada encontra-se dividida em dois capítulos. O Capítulo 1 teve por objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre os aspectos fitoquímicos, biológicos e farmacológicos de B. uniflora. Para isto foi realizada uma pesquisa de revisão bibliográfica descritiva e de abordagem qualitativa na qual se fez uma leitura interpretativa das produções disponíveis na literatura, que até a presente data são escassas. O Capítulo 2 consistiu na investigação das atividades antitumoral, anti-inflamatória, antiproliferativa e antioxidante do extrato bruto (EB) das folhas e flores de B. uniflora. Os extratos brutos foram obtidos pelo processo de maceração dinâmica com esgotamento de solvente, e analisado por cromatografia líquida de ultra eficiência acoplada à espectrometria de massas de alta resolução. Para determinação do potencial citotóxico foram utilizadas linhagens de células tumorais humanas: AGS (adenocarcinoma gástrico), Caco-2 (adenocarcinoma colorretal), McF-7 (adenocarcinoma de mama), NCI-H460 (carcinoma pulmonar) e a linhagem celular não tumoral VERO. As atividades anti-inflamatória e antioxidante celular foram executadas em culturas de macrófagos de camundongo (RAW 264.7). A análise química indicou a presença dos ácidos fenólicos: cafeico, ferúlico, p-cumárico e quínico e os flavonoides: quercetina, kaempferol e kaempferol 3,7-diglucoside. Os EB das folhas apresentou uma boa atividade anti-inflamatória (IC50 10µg/mL) apenas 1,58 vezes menor que a dexametasona que foi utilizada como controle positivo. O EB das flores evidenciou alto potencial antioxidante celular com 82% de inibição. Os EBs mostraram potencial antiproliferativo com GI50 de (18,00 a 255,00 µg/mL), sendo mais expressiva frente a célula Caco-2 (GI50= 18,00 µg/mL no EB das flores e folhas GI50= 20,00 µg/mL). O índice de seletividade (IS) dos EBs variou de 0,79 a 11,28, e os EBs apresentaram alta seletividade para a célula Caco-2 onde a atividade antiproliferativa foi mais expressiva com IS 8,4 para EB das folhas e 11,28 para EB das flores, entretanto o EB das flores mostrou-se pouco seletivo frente as células McF-7 e NCI-H460 com IS de 0,82 e 0,79 respectivamente. Os resultados indicaram que apesar de ser uma espécie ornamental, as folhas e flores de B. uniflora apresentam compostos fenólicos em sua composição, provavelmente os responsáveis pelo potencial farmacológico.
Manacá. Antiproliferativo. Antioxidante celular. Compostos fenólicos. Flavonoides.
Brunfelsia uniflora: phytochemical and pharmacological aspects of extracts obtained from leaves and flowers.
Brunfelsia uniflora, popularly known as manacá, belongs to the Solanaceae family and is known for the chromatic and aromatic exuberance of its flowers, being considered a species for landscaping, found in several regions of Brazil, Bolivia, Peru, Ecuador, Colombia and Venezuela. It is used by American people, especially in the Amazon region, as an antidiarrheal, anti-rheumatic, anti-syphilitic, depurative, diuretic, emetic, vermifuge, purgative. Phytochemical studies of the aerial parts revealed the presence of active compounds such as benzenoids, terpenes, lactones, alkaloids and lipids. In the roots there are coumarins, alkaloids, lignins and sapogenins. Pharmacological and phytochemical studies of this species are scarce, with little information on the use of the roots in folk medicine. In this context, this dissertation aimed to investigate the pharmacological and phytochemical activities of the leaves and flowers of B. uniflora. The research carried out is divided into two chapters. Chapter 1 aimed to carry out a literature review on the phytochemical, biological and pharmacological aspects of B. uniflora. For this purpose, a bibliographic review, descriptive and qualitative approach was carried out in which an interpretative reading was made of the productions available in the literature, which to date are scarce. Chapter 2 consisted of investigating the antitumor, anti-inflammatory, antiproliferative and antioxidant activities of the crude extract (EB) of the leaves and flowers of B. uniflora. The crude extracts were obtained by the dynamic maceration process with solvent depletion, and analyzed by ultra-performance liquid chromatography coupled to high-resolution mass spectrometry. To determine the cytotoxic potential, human tumor cell lines were used: AGS (gastric adenocarcinoma), Caco-2 (colorectal adenocarcinoma), McF-7 (breast adenocarcinoma), NCI-H460 (lung carcinoma) and the non-tumor cell line VERO . Anti-inflammatory and cellular antioxidant activities were performed in mouse macrophage cultures (RAW 264.7). Chemical analysis indicated the presence of phenolic acids: caffeic, ferulic, p-coumaric and quinic and flavonoids: quercetin, kaempferol and kaempferol 3,7-diglucoside. EB from the leaves showed good anti-inflammatory activity (IC50 10µg/mL) only 1.58 times lower than dexamethasone, which was used as a positive control. EB from flowers showed high cellular antioxidant potential with 82% inhibition. The EBs showed antiproliferative potential with a GI50 of (18.00 to 255.00 µg/mL), being more expressive compared to the Caco-2 cell (GI50= 18.00 µg/mL in the EB of flowers and leaves GI50= 20.00 µg/mL). The selectivity index (SI) of EBs ranged from 0.79 to 11.28, and EBs showed high selectivity for the Caco-2 cell where the antiproliferative activity was more significant with IS 8.4 for EB of leaves and 11. 28 for EB of flowers, however EB of flowers proved to be less selective against McF-7 and NCI-H460 cells with IS of 0.82 and 0.79 respectively. The results indicated that despite being an ornamental species, the leaves and flowers of B. uniflora have phenolic compounds in their composition, probably responsible for the pharmacological potential.
Manaca. Antiproliferative. Cellular antioxidant. Phenolic compounds. Flavonoids