Estudo etnobotânico das espécies medicinais utilizadas por curandeiros da região do Parque Nacional de Ilha Grande, Brasil
Mestrado em Biotecnologia Aplicada à Agricultura
Autor: Silvia Beatriz Burger
Orientador: Arquimedes Gasparotto Junior
Defendido em: 04/04/2025
A Mata Atlântica é um dos “hotspots” de biodiversidade mais reconhecidos no mundo. A valorização e a preservação de práticas tradicionais podem ter um papel importante na identificação de novas espécies e usos medicinais, bem como na proteção do bioma. Objetivo deste estudo foi realizar um levantamento etnobotânico das espécies medicinais utilizadas por curandeiros da região do Parque Nacional de Ilha Grande. Foram identificados e entrevistados os curandeiros remanescentes das cidades de Altônia, Guaíra, Eldorado e Naviraí, visando a coleta de dados socioeconômicos e informações sobre modos de preparo, doses recomendadas, vias de administração e usos medicinais de plantas. As espécies medicinais foram coletadas, identificadas e classificadas de acordo com o Formulário Nacional Britânico. A amostra foi composta por 03 mulheres e 01 homem, com idade entre 50 e 64 anos. Os entrevistados relataram a utilização de 47 espécies vegetais de 33 famílias botânicas. As espécies mais citadas foram da família Lamiaceae, sendo as folhas as partes das plantas mais utilizadas. As infusões foram o método de preparo mais comum. A maioria das espécies medicinais foi utilizada para tratar doenças do sistema gastrointestinal (25), seguidas por doenças obstétricas, ginecológicas e do trato urinário (11). Os maiores valores de uso foram para Momordica charantia e Piper regnellii. Os curandeiros da região do Parque Nacional de Ilha Grande são conhecedores de práticas tradicionais e preservam conhecimentos etnobotânicos significativos. O compartilhamento desse conhecimento tradicional pode enriquecer a cultura local e promover o crescimento de cadeias produtivas de plantas medicinais, ajudando a impulsionar o desenvolvimento e a geração de renda na região.
Etnobotânica. Plantas medicinais. Mata Atlântica. Medicina Tradicional.
Ethnobotanical study of medicinal species used by healers in the Parque Nacional de Ilha Grande, Brazil
Atlantic Forest is one of the most recognized biodiversity hotspots in the world. The identification and preservation of traditional practices can play an important role in the identification of new species and medicinal uses, as well as in the protection of the biome. The objective of this study was to conduct an ethnobotanical survey of the medicinal species used by healers in the region of Parque Nacional de Ilha Grande. Remaining healers from the cities of Altônia, Guaíra, Eldorado, and Naviraí were identified and interviewed to collect socio-economic data and information about preparation methods, recommended doses, routes of administration, and medicinal uses of plants. The medicinal species were collected, identified, and classified according to the British National Formulary. The sample consisted of 3 women and 1 man, aged between 50 and 64 years. The interviewees reported the use of 47 plant species from 33 botanical families. The most cited species were from the Lamiaceae family, with leaves being the most utilized plant parts. Infusions were the most common preparation method. Most medicinal species were used to treat gastrointestinal diseases (25), followed by obstetric, gynecological, and urinary tract diseases (11). The high use values were for Momordica charantia and Piper regnellii. The healers in the region of Parque Nacional de Ilha Grande are knowledgeable about traditional practices and preserve significant ethnobotanical knowledge. The sharing of this traditional knowledge can enrich the local culture and promote the growth of medicinal plant production chains, helping to boost development and generate income in the region.
Ethnobotany. Medicinal plants. Atlantic Forest. Traditional medicine.