I – Efeitos do flunixin meglumine sobre parâmetros reprodutivos de vacas submetidas à inseminação artificial em tempo fixo. II – Novas teorias na luteólise. Revisão de literatura
Mestrado em Ciência Animal com Ênfase em Produtos Bioativos
Autor: Eduardo Lucacin
Orientador: Adalgiza Pinto Neto
Defendido em: 30/08/2008
O principal papel do corpo lúteo (CL) é a produção de progesterona e uma adequada função luteal é crucial para determinar a duração do ciclo estral ou a manutenção e sucesso de uma possível gestação. A regressão do CL se dá em poucos dias, através de um processo chamado luteólise, que é desencadeado pela secreção de prostaglandina F2alfa (PGF2α). O conhecimento dos fatores ligados ao processo de regulação do corpo lúteo é importante para a manipulação do ciclo estral, na tentativa de aumentar a eficiência reprodutiva dos animais domésticos. Dentro desse contexto, este trabalho apresenta mecanismos relacionados à luteólise, que envolvem hipóteses sobre o fluxo sanguíneo uterino e ovariano, além do processo de morte celular por apoptose. Com o objetivo de se inibir a luteólise em ruminantes, avaliaram-se os efeitos do flunixin meglumine (FM) sobre a concentração sérica de progesterona, a taxa de gestação e a condição ovariana de vacas. Para tanto, 57 vacas foram divididas em grupos controle (GC n = 30) e tratado (GT n = 27), e submetidas à sincronização de estros (benzoato de estradiol IM e implante intravaginal de progesterona). Após sete dias, aplicou-se PGF2alfa IM, retirou-se o dispositivo intravaginal, e passadas 24h aplicou-se BE IM, sendo a IATF realizada 30h dessa aplicação. Os animais do GT foram submetidos diariamente a 1,1mg/kg de FM entre o 11º e 16º dia do ciclo estral (dia zero = IATF), enquanto os do GC receberam solução fisiológica. Amostras de sangue foram coletadas de todos os animais nos dias zero, seis, nove, 11 a 18 e 21, e 30 animais da raça nelore foram selecionados para dosagem sérica de progesterona por RIA. Os animais que retornaram ao estro foram reinseminados e inseridos em seus grupos de origem. O diagnóstico de gestação foi realizado por ultra-som transretal 30 dias após a IATF ou IA, quando também se avaliou a condição ovariana nos animais não gestantes, que foi repetida quatro dias após. A análise da concentração de progesterona foi realizada por ANOVA, e comparada pelo Teste t de Tukey, a taxa de gestação pelo Qui-quadrado e a persistência folicular pelo Teste Exato de Fischer. A concentração de progesterona entre animais experimentais foi semelhante até o 18o dia do ciclo estral (P>0,05). Já no 21o dia, os animais gestantes do grupo tratado (TG) apresentaram concentração de progesterona superior (P<0,05) àquela observada nos animais não gestantes dos grupos controle e tratado (CN e TN), porém os animais gestantes do grupo controle (CG) não diferiram dos gestantes tratados (TG) tampouco dos animais não gestantes de ambos os grupos (CN e TN). A taxa de gestação foi semelhante entre os grupos (P>0,05). No entanto, os animais não gestantes do GT apresentaram persistência folicular maior que a observada nos animais do GC, sendo de 78,57% (11/14) e 33,33% (05/15), respectivamente (P = 0,0253). Os resultados indicam que o FM administrado durante o período crítico de vacas submetidas à IATF não influenciou a concentração de progesterona e a taxa de gestação, porém influenciou a ocorrência de persistência folicular.
bovino, progesterona, luteólise, persistência folicular, flunixin meglumine
I-The effects of flunixin meglumine on the reproductive parameters of artificial inseminated cows. II- Mechanisms of luteolysis
The main role of the corpus luteum (CL) is the progesterone production and adequate luteal function is crucial to determine the duration of oestrous cycle or continuation and success of a possible pregnancy. The regression of the CL occurs in a few days in the process called luteolysis, triggered by the secretion of prostaglandin F2alfa (PGF2 α). Know-how of factors associated with the process of corpus luteum regulating is important for the reproductive cycle manipulation in an attempt to increase the reproductive efficiency of livestock animals. This review brings information about the mechanisms of luteolysis, which involve assumptions on the uterine and luteal blood flow and the process of cell death by apoptosis. Flunixin meglumine (FM) has been used in an attempt to inhibit luteolysis in ruminants. Towards this aim, the effects of FM were assessed on the seric concentration of progesterone, the pregnancy rate and the ovarian condition of cows. Thus, 57 cows were divided into control group (CG – n = 30) and treated group (TG – n = 27) and submitted to estrus synchronization (estradiol benzoate IM and intravaginal progesterone-releasing insert). After seven days, PGF2α IM was administered, the intravaginal device was removed, and after 24h, BE IM was administered. FTAI was performed 30h after administration. Animals from the TG were daily submitted to 1.1 mg/kg of FM between the 11th and 16th days of the estral cycle (day zero = FTAI), whereas the animals from the CG received physiological solution. Blood from all animals was collected on days zero, six, nine, eleven through eighteen and twenty-one. Thirty animals from Nelore breed were selected for seric progesterone dosage by RIA. Animals which returned to the estrus were re-inseminated and inserted into their primary groups. Pregnancy diagnosis was carried out by transretal ultrasound 30 days after either FTAI or AI, when the ovarian condition of the non-pregnant animals was also assessed, which was repeated four days later. The analysis of the progesterone concentration was performed by ANIVA and compared by Tukey´s t-Test, pregnancy rate by Mantel-Haenszel chi-square test and follicular persistency by Fischer’s Exact Test. Progesterone concentration among the animals from the experimental groups was similar until the 18th Day of the estral cycle (P>0.05). ). On the 21st day, the pregnant animals presented progesterone concentrations higher than (P<0.05) those observed for non-pregnant animals from the control and treated groups (CN and TN), however, neither did the pregnant animals from the control group (CG) differ from the pregnant animals treated (TG) nor from the non-pregnant animals from both groups (CN and TN). Pregnancy rate was similar among the groups (P>0.05). However, non-pregnant animals from the TG presented follicular persistency higher than the observed for the animals from the CG, 78.57% (11/14) and 33.33% (5/15), respectively (P=0.0253). Results indicate that the FM administered during the critic phase of cows submitted to (FTAI) does not influence the progesterone concentration and the pregnancy rate, although it influences the occurrence of follicular persistency (P<0.05).
bovine, progesterone, luteolysis, follicular persistency, flunixin meglumine