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Pesquisa


Influência da cetose subclínica sobre o desempenho reprodutivo de vacas leiteiras da raça holandesa

Mestrado em Ciência Animal com Ênfase em Produtos Bioativos
Autor: Bruno Argenton de Barros
Orientador: Denis Vinicius Bonato
Defendido em: 27/03/2023

Resumo

O balanço energético negativo (BEN) ocorre com certa frequência em vacas de leite de alta produção, o que acarreta na mobilização de reservas corpóreas, principalmente na fase imediata após o parto. A lipólise em excesso resulta no aumento de ácidos graxos não esterificados (AGNE) e corpos cetônicos, que quando acumulados, podem provocar quadros de cetose. A cetose pode ser diferenciada em subclínica, quando não apresenta sinais clínicos que indiquem a afecção e, clínica, que apresenta quadros mais graves, relacionados a emagrecimento progressivo ou alterações neurológicas. As duas formas de cetose podem causar prejuízos nos diferentes sistemas, incluindo no âmbito reprodutivo. Dessa forma, o presente estudo visa avaliar a relação da cetose subclínica com parâmetros reprodutivos de vacas da raça Holandesa de alta produção leiteira. O estudo foi baseado no levantamento de dados de uma propriedade que monitora a ocorrência de cetose através da dosagem da concentração de beta-hidroxibutirato (BHB) no sétimo dia após o parto. Foi considerado para o estudo os dados de um total de 483 vacas, divididas em dois grupos de acordo com a concentração de BHB e o diagnóstico de cetose subclínica ou não. A cetose subclínica (n = 48) foi considerada quando o nível de BHB permanecia acima de 1,2 mmol/L e que não demonstraram sinais clínicos da doença. O grupo controle (n = 435) foi considerado em grupo de vacas que tinha concentração de menor do que 1,0 mmol/L e sem ocorrência de doenças no puerpério. Entre os grupos foi comparado o intervalo de dias em aberto, o número de doses de sêmen gastas até a vaca ficar gestante e as porcentagens de cistos ovarianos diagnosticados, de infecções uterinas e de perdas gestacionais. Variáveis numéricas contínuas foram previamente analisadas quanto a normalidade de distribuição pelo teste de Shapiro-Wilk e homogeneidade de variâncias pelo Teste de Levene. Como as variáveis numéricas foram consideradas não paramétricas, diferenças entre os grupos foram analisadas pelo Teste de Mann-Whitney. Variáveis dicotômicas foram analisadas pelo Teste Exato de Fisher. Todas as análises estatísticas foram realizadas no programa estatístico Minitab®, versão 18.1. Adotou-se um valor de p ≤ 0,05 para ser considerado significativo e tendência quando p < 0,1 e ≥ 0,06. Animais diagnosticados com cetose subclínica, em comparação com as vacas saudáveis, apresentaram maior período de dias em aberto (148,5±15,10 x 94,0±3,53, p<0,0001), maior número de doses de sêmen utilizadas por gestação (3,00±0,43 x 2,00±0,10, p=0,004), maior porcentagem de perdas gestacionais (33,33% x 12,41%, p < 0,0001) e houve tendência de maior ocorrência de cisto folicular (6,25% x 1,84%, p=0,08). A cetose subclínica mostrou prejudicar os índices reprodutivos de vacas Holandesas lactantes.

Palavras-chave

Bovinocultura de leite. Reprodução. Doenças metabólicas. Período de transição. Beta-hidroxibutirato


Title

Reproductive physiology and occurrence of ketosis in dairy cattle

Abstract

Negative energy balance (BEN) occurs with some frequency in dairy cows with high productivity, which leads to the mobilization of body reserves, especially in the immediate postpartum phase. Excessive lipolysis results in an increase in non-stratified fatty acids (NEFA) and circulating ketone bodies, which, when accumulated, can cause ketosis. Ketosis can be differentiated into subclinical, when there are no clinical signs that indicate the condition, and clinical, when it presents more severe conditions, related to wasting or neurological alterations. The two forms of ketosis can affect different systems of the animal organism, including the reproductive sphere. Thus, the present study aims to evaluate the effect of subclinical ketosis on the reproductive parameters of high-yielding Holstein cows. The study was based on data collection from a property that monitors the occurrence of ketosis by measuring the concentration of beta-hydroxybutyrate (BHB) on the seventh day after calving the cows in the herd. Data from a total of 483 cows were considered for the study, divided into two groups according to the diagnosis of subclinical ketosis or not. Cows were considered to have subclinical ketosis (n = 48) when the BHB level was above 1.2 mmol/L and did not show clinical signs of the disease. As a control group (n = 435) healthy cows, which had BHB lower than 1.0 mmol/L. Between the groups, the open day interval, the number of semen doses used for the cow to become pregnant and the percentages of diagnosed ovarian cysts, uterine infections and gestational losses were compared. Continuous numerical variables were previously analyzed for normality of distribution using the Shapiro-Wilk test and homogeneity of variances using the Levene test. As numerical variables were considered non-parametric, differences between groups were analyzed using the Mann-Whitney test. Dichotomous variables were analyzed using Fisher's Exact Test. All statistical analyzes were performed using the Minitab® statistical program, version 18.1. A value of p ≤ 0.05 was adopted to be considered significant and p < 0.01 for statistical trend. Animals diagnosed with subclinical ketosis, compared to healthy cows, had a longer period of open days (148.5±15.10 x 94.0±3.53, p<0.0001), a greater number of semen doses used per pregnancy (3.00±0.43 x 2.00±0.10, p=0.004), higher percentage of pregnancy losses (33.33% x 12.41%, p < 0.0001) and there was a tendency of greater occurrence of follicular cyst (6.25% x 1.84%, p=0.08). Subclinical ketosis has been shown to impair the reproductive indices of lactating Holstein cows.

Keywords

Dairy cattle. Reproduction. Metabolic diseases. Transition period. Beta-hydroxybutyrate

Créditos

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