Potencial biológico do extrato bruto das folhas de Inga laurina (Fabaceae Mimosoideae)
Doutorado em Biotecnologia Aplicada à Agricultura
Autor: Elisângela Yumi Sugauara
Orientador: Giani Andrea Linde Colauto
Defendido em: 29/02/2020
A espécie Inga laurina é uma árvore pertencente à família Fabaceae, popularmente conhecida como ingá branco, ingá de macaco, ingá de praia, ingá mirim ou ingaí. Plantada em ambientes urbanos para sombra, seus frutos em forma de vagem são comestíveis e contêm semente envolta por uma polpa flocosa branca e adocicada consumidos pelo homem e pássaros. Embora sejam amplamente utilizadas na medicina popular, suas folhas, cascas e sementes têm sido pouco exploradas do ponto de vista científico, com poucos estudos fitoquímicos na literatura. Desta forma, esse trabalho teve por objetivo investigar as atividades biológicas e a composição química do extrato bruto das folhas de ingá. O extrato bruto das folhas de I.laurina (EBIL) foi obtido por maceração dinâmica com esgotamento do solvente (álcool etílico hidratado 96%) e concentrado em um evaporador rotativo. Seis gramas do EBIL foram fracionados em colula cromatográfica, utilizando como eluentes hexano, diclorometano, acetato de etila e metanol, resultando em 15 frações. Estas foram avaliadas quanto ao potencial antioxidante, onde duas frações se destacaram: a fração acetato de etila FR8 (0,15 g) de coloração verde escuro e a fração metanol FR11 (0,064 g) de coloração amarela, que foram identificadas por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de massas de alta resolução (CLAE-EM/EM). O EBIL e as FR8 e FR11 foram avaliados quanto ao potencial antioxidante pelos métodos de sequestro dos radicais livres do radical 2,2 difenil-1-picrilhidrazil (DPPH), pelo sistema de co oxidação β-caroteno/ácido linoleico, pelo método de redução do ferro (FRAP) e determinação de fenóis totais (FT). A análise química indicou a presença de ácido gálico, miricetina e miricetina-3-O-α-L-ramnopiranosídeo no EBIL. Na FR8 foi identificado o ácido gálico e na FR11 os flavonoides miricetina e miricetina-3-O-α-L-ramnopiranosídeo. Pelo método do DPPH, a FR11 foi mais ativa com IC50 de 0,078 mg mL-1, enquanto que pelo método do FRAP, o EB exibiu maior atividade com 2,160 µM de sulfato ferroso mg amostra-1. A FR8 mostrou maior concentração de compostos fenólicos com 266,37 µg de EAG mg de amostra-1. O EBIL também foi avaliado por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/EM), e avaliado quanto ao potencial acaricida sobre fêmeas ingurgitadas do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus pelo teste de imersão em adultos, e larvicida utilizando larvas do carrapato bovino e do Aedes aegypti pelo teste de imersão larval. Através da análise por CG/EM foram identificados nas folhas dezessete compostos tendo como majoritários - sitosterol (34,39%), fitol (14,51%), esqualeno (8,57%) e estigmasterol (7,38%). A ação larvicida do EBIL sobre o A. aegypti indicou uma concentração letal (CL) de 50% (CL50) de 0,98 mg mL-1 e 99% (CL99) de 2,69 mg mL-1, indicando que o EBIL das folhas de I. laurina tem potencial atividade sobre este culicídeo. A ação do EBIL sobre o carrapato bovino indicou que a maior atividade foi sobre as larvas com concentração letal (CL) (CL50) 9,39 mg mL-1 e ( CL99,9) 424,39 mg mL-1. Estes resultados indicam que as folhas de ingá têm alto potencial antioxidante e larvicida e desperta o interesse do uso do ingá na indústria agroalimentar, farmacêutica e química.
Ingá, extrato bruto (EB), Rhipicephalus (Boophilus) microplus, Aedes aegypti, DPPH, FRAP, ácido gálico, miricetina, miricetina-3-O--L- ramnopiranosídeo.
BIOLOGICAL ACTIVITY OF CRUDE EXTRACT FROM Inga laurina (Fabaceae Mimosoideae) LEAVES
Inga laurina is a tree which species belongs to Fabaceae family, in Brazil is commonly known in as Inga-Branco, Inga-Macaco, Inga-de-Praia, Inga-Mirim or Ingaí. Due its shadow, it is usually cultivated in urban environments, its slightly curved pod-shaped fruits are edible and contain seeds surrounded by a white, sweet flaky pulp which is consumed by humans and birds. Although being broadly used in popular medicine, its leaves, peel and seed have been barely exploited scientifically with few reported phytochemical studies in the literature. Thus, the present work aimed to investigate biological activities and chemical composition of crude extract from Inga leaves. Crude extract from Inga laurina (EBIL) leaves was obtained through dynamic maceration with solvent depletion (alcohol 96%) and concentrated on a rotary evaporator. 6.0 g of EBIL were fractionated in chromatographic column, using as eluents hexane, dichloromethane, ethyl acetate and methanol, resulting in 15 fractions, which were evaluated for antioxidant potential. Among them, two fractions stood out: ethyl acetate fraction FR8 (0,15 g) with a dark green color and methanol fraction FR11 (0.064 g) with yellow-colored, which were identified by High Efficiency Liquid Chromatography with High Resolution Mass Spectrophotometric (HPLC/MS-qTOF). EBIL and FR8 and FR11 were evaluated for antioxidant potential by DPPH 2,2-diphenyl-1-picryl-hydrazyl-hydrate) free radical method, by the beta-carotene-linoleic acid cooxidation system and the method of iron reduction (FRAP) and total phenol determination (TP). Chemical analysis indicated the presence of gallic acid, myricetin and miricetin-3-O-α-L-ramnopyranosid in EBIL. In FR8 was identified gallic acid and in FR11 myricetin and miricetin-3-O-α-L-ramnopyranosid flavonoids. By DPPH method, FR11 was considered the most active, with IC50 de 0,078 mg mL-1, while to FRAP method, CE exhibited higher activity with 2,160 μM of ferrous sulfate mg per sample-1. FR8 presented a higher concentration of phenolic compounds with 266.37 μg of EAG mg per sample-1. EBIL was also evaluated by gas chromatography - mass spectrometry (GC/MS), and it was evaluated for acaricide potential against engorged female of Rhipicephalus (Boophilus) microplus by the immersion test in adults, and larvicide analysis using cattle tick larvae, and for Aedes aegypti by immersion larval test. Through GC/MS were identified on the leaves seventeen compounds presenting as majoritary - sitosterol (34,39%), phytol (14,51%), squalene (8,57%) e stigmasterol (7,38%). The EBL larvicidal activity against A. aegypti indicated a lethal concentration (CL) of 50% (CL50) of 0.98 mg mL-1 and 99% (CL99) of 2.69 mg mL-1, indicating that the EBIL from de I. laurina leaves has a potential activity against this culicide. EBIL action against the cattle tick indicated that the highest activity was on the larvae with lethal concentration (CL) (CL50) 9.39 mg mL-1 and ( CL99.9) 424.39 mg mL-1. These results indicated that Inga leaves have high antioxidant and larvicidal potential and thus, arouses interest in its use in the agri-food, pharmaceutical and chemical industry.
Inga, crude extract (CE), Rhipicephalus (Boophilus) microplus, Aedes aegypti, DPPH, FRAP, gallic acid, miricetin, miricetin-3-O--L- ramnopyranosid.