Propriedades farmacológicas, toxicológicas e efeitos cardiometabólicos da Baccharis dracunculifolia: uma investigação pré-clínica
Doutorado em Ciência Animal com Enfase em Produtos Bioativos
Autor: Gustavo Ratti da Silva
Orientador: Francislaine Aparecida dos Reis Lívero
Defendido em: 11/04/2025
A Baccharis dracunculifolia DC., também conhecida por "alecrim-do-campo" é popularmente usada para tratar distúrbios gástricos e hepáticos e se destaca nas pesquisas científicas por suas propriedades antioxidante, anti-inflamatória e hepatoprotetora. Visando validar esses efeitos, esta pesquisa investigou a segurança e a eficácia da planta. O primeiro estudo explorou aspectos toxicológicos (in vitro e in vivo), bem como o potencial antioxidante e anti-inflamatório do extrato etanólico das partes aéreas de B. dracunculifolia. A análise fitoquímica identificou compostos fenólicos e flavonoides. Os ensaios antioxidantes in vitro, como os métodos de sequestro do radical livre 2,2-difenil-1-picrilhidrazil e poder antioxidante redutor férrico indicaram uma atividade antioxidante significativa (IC50 0,77 mg/mL e 1,24 µM sulfato ferroso/mg, respectivamente). Em modelos celulares, os testes de inibição de hemólise e fagocitose indicaram um potencial anti-inflamatório promissor sendo a concentração de 600 µg/mL a que apresentou os melhores resultados (58,60% e 60,84% respectivamente). No estudo de citotoxicidade, o extrato manteve a viabilidade celular acima de 70%, mesmo quando testado em altas concentrações. Por fim, os testes de toxicidade aguda em ratas Wistar foi conduzido de acordo com o protocolo 423 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e corroboraram a segurança do extrato, não alterando parâmetros hematológicos, bioquímicos, clínicos e celulares. Os achados do primeiro estudo apontam para um perfil seguro do extrato de B. dracunculifolia e destacam seu potencial antioxidante e anti-inflamatório, importantes componentes em doenças metabólicas crônicas. Visando avaliar a eficácia do extrato, o segundo estudo avaliou o potencial terapêutico da planta em um modelo animal contemplando condições metabólicas complexas, como a síndrome cardiometabólica. O modelo de 4 semanas foi estabelecido com a associação de 3 fatores de risco: diabetes (induzido por estreptozotocina 30 mg/kg, i.p.), dislipidemia (induzida pelo consumo de ração enriquecida com 0,5% de colesterol) e o tabagismo (desencadeado pela inalação de 9 cigarros/dia, 1h/dia, 5 dias/semana) em ratas Wistar. Nas últimas 2 semanas, os animais foram tratados com o extrato de B. dracunculifolia (30, 100 e 300 mg/kg) por via oral. Observou-se redução de lipídios plasmáticos e hepáticos, reversão da esteatose hepática e melhora de transaminases hepáticas, sendo a dose de 30 mg/kg a mais promissora. Além disso, o tratamento com o extrato aumentou os níveis de glutationa reduzida e superóxido dismutase e reduziu a lipoperoxidação, destacando a capacidade antioxidante da planta. Ambos os estudos ressaltam o potencial terapêutico de B. dracunculifolia para doenças metabólicas e inflamatórias. Dado o bom perfil de segurança e a capacidade de atuar em diversos alvos, a B. dracunculifolia pode ser uma abordagem inovadora para a tratamento de condições complexas, como a síndrome cardiometabólica. Essas descobertas não apenas validam cientificamente o uso tradicional de B. dracunculifolia, mas também abrem caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos baseados em produtos naturais, promovendo tratamento mais eficaz e com menor incidência de efeitos adversos.
Alecrim-do-campo. Antioxidante. Anti-inflamatório. Síndrome metabólica. Toxicidade. Viabilidade celular.
Pharmacological, toxicological, and cardiometabolic effects of Baccharis dracunculifolia: a preclinical investigation.
Baccharis dracunculifolia DC., commonly known as "field rosemary," is traditionally used to treat gastric and hepatic disorders and has garnered scientific attention for its antioxidant, anti-inflammatory, and hepatoprotective properties. To validate these effects, this study investigated the safety and efficacy of the plant. The first study explored toxicological aspects (in vitro and in vivo) as well as the antioxidant and anti-inflammatory potential of the ethanolic extract from the aerial parts of B. dracunculifolia. Phytochemical analysis revealed the presence of phenolic compounds and flavonoids. In vitro antioxidant assays, such as the 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl (DPPH) free radical scavenging method and ferric reducing antioxidant power (FRAP), indicated significant antioxidant activity (IC50 0.77 mg/mL and 1.24 µM ferrous sulfate/mg, respectively). In cellular models, hemolysis inhibition and phagocytosis assays indicated a promising anti-inflammatory potential, with the concentration of 600 µg/mL yielding the best results (58.60% and 60.84%, respectively). Acute toxicity tests in Wistar rats, conducted in accordance with Protocol 423 of the Organization for Economic Cooperation and Development, confirmed the safety of the extract, as it did not alter hematological, biochemical, clinical, or cellular parameters. These findings indicate that the extract of B. dracunculifolia has a favorable safety profile and highlights its antioxidant and anti-inflammatory potential, key factors in addressing chronic metabolic diseases. The second study assessed the therapeutic efficacy of the extract in an animal model of complex metabolic conditions, including cardiometabolic syndrome. This model of 6 weeks was established by combining three risk factors: diabetes (induced by intraperitoneal administration of streptozotocin at 30 mg/kg), dyslipidemia (induced by a diet enriched with 0.5% cholesterol), and smoking (induced by inhalation of nine cigarettes per day, for one hour per day, five days per week) in Wistar rats. Treatment orally with B. dracunculifolia extract at doses of 30, 100, and 300 mg/kg for 2 weeks resulted in significant reductions in plasma and hepatic lipid levels, reversal of hepatic steatosis, and improvement in hepatic transaminase levels, with the 30 mg/kg dose showing the most promising results. Additionally, the extract increased levels of reduced glutathione and superoxide dismutase while reducing lipid peroxidation, further demonstrating its antioxidant capacity. Both studies underscore the therapeutic potential of B. dracunculifolia in addressing metabolic and inflammatory diseases. With its favorable safety profile and ability to target multiple pathways, B. dracunculifolia represents a promising approach for managing complex conditions such as cardiometabolic syndrome. These findings not only provide scientific validation for the traditional use of B. dracunculifolia but also open avenues for the development of new drugs based on natural products, offering more effective treatments with fewer adverse effects.
Alecrim-do-campo. Anti-inflammatory. Antioxidant. Cell viability. Metabolic syndrome. Toxicity.