Risco anestésico de gatas submetidas à ovariohisterectomia em uma clínica veterinária social
Mestrado em Ciência Animal com Ênfase em Produtos Bioativos
Autor: Arthur Venicius Sbaraini Leitzke
Orientador: Ana Maria Quessada
Defendido em: 30/04/2024
A ovariohisterectomia (OH) em gatas é um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados na prática clínica veterinária. Tal procedimento tem várias indicações em gatas, as quais podem ser divididas em eletivas e terapêuticas. Para realização de OH em gatas, a literatura apresenta diversos protocolos anestésicos. Tais protocolos anestésicos são selecionados de acordo com o risco anestésico que o animal apresenta. Para se avaliar o risco anestésico em animais, a classificação ASA (American Society of Anesthesiologists) é uma das principais ferramentas. Tal classificação estabelece o risco anestésico em animais de acordo com cinco categorias, sendo que a primeira categoria (ASA I) apresenta risco mínimo de vida e a última categoria (ASA V) risco máximo. O objetivo do presente trabalho é realizar um estudo sobre risco anestésico em gatas submetidas à OH em uma clínica veterinária social. Foram anotadas informações como perfil da paciente submetida ao procedimento (idade, raça, peso), exames complementares realizados, classificação anestésica das pacientes (ASA), protocolo anestésico utilizado e mortalidade perioperatória, Tais informações foram analisadas e dispostas em tabelas e gráficos. Foram incluídas no estudo 265 gatas, sendo que não ocorreram óbitos. Um dos fatores que contribuiu para a ausência de mortalidade foi o emprego de protocolos anestésicos adequados e seguros para felinos. Entre as 265 OH realizadas, 237 (89,4%; 237/265) foram OH eletivas e 28 (10,6%; 28/265) foram OH terapêuticas. A principal indicação das OH terapêuticas foi a distocia (42,85%; 12/28). Em relação à idade das gatas, houve uma variação de cinco meses a 14 anos, com um número maior de casos em fêmeas jovens e adultas jovens. Por se tratar de uma clínica social que apresenta limitação de custos por parte dos tutores, foi possível realizar hemograma em somente 37 gatas (13,96%; 37/265). A leucocitose foi a alteração mais frequente, sendo registrada em seis gatas (16,21%; 6/37), todas portadoras de enfermidades relacionadas à indicação da OH. Nas gatas em que não foi possível a realização de exames complementares, foram realizados exames físicos detalhados para nortear a seleção do protocolo anestésico e realizar a classificação ASA. Embora exames complementares sejam necessários, isso nem sempre é possível em clínicas sociais por questões socioeconômicas. Neste caso, exames físicos detalhados auxiliam os médicos veterinários anestesiologistas na tomada de decisões. Sobre a classificação ASA, 237 gatas foram classificadas como ASA I (89,4%; 237/265), todas submetidas à OH eletiva. Ainda, 26 gatas submetidas à OH terapêutica foram classificadas como ASA II (9,81%; 26/265) e duas pacientes foram classificadas como ASA III (0,75%; 2/265). Portanto, a maioria das gatas incluídas no estudo foram classificadas, do ponto de vista anestésico, como de baixo risco, justificando a ausência de óbitos. Na clínica social do estudo, a ovariohisterectomia eletiva foi mais frequente que a ovariohisterectomia terapêutica, o que é frequente em clínicas veterinárias sociais.
Classificação anestésica; Castração; Felina; Mortalidade.
Anesthetic risk of queens undergoing ovariohysterectomy in a veterinary social clinic.
Ovariohysterectomy (OH) in cats is one of the most commonly performed surgical procedures in veterinary clinical practice. This procedure has several indications in cats, which can be divided into elective and therapeutic. To perform OH in cats, the literature presents several anesthetic protocols. Such anesthetic protocols are selected according to the anesthetic risk that the animal presents. To assess anesthetic risk in animals, the ASA (American Society of Anesthesiologists) classification is one of the main tools. This classification establishes the anesthetic risk in animals according to five categories, with the first category (ASA I) presenting a minimum risk to life and the last category (ASA V) maximum risk. The objective of the present work is to carry out a study on anesthetic risk in cats undergoing OH in a social veterinary clinic. Information was recorded such as the profile of the patient undergoing the procedure (age, race, weight), complementary exams performed, patient anesthetic classification (ASA), anesthetic protocol used and perioperative mortality. Such information was analyzed and displayed in tables and graphs. 265 cats were included in the study, with no deaths occurring. One of the factors that contributed to the absence of mortality was the use of appropriate and safe anesthetic protocols for felines. Among the 265 OH performed, 237 (89.4%; 237/265) were elective OH and 28 (10.6%; 28/265) were therapeutic OH. The main indication for therapeutic OH was dystocia (42.85%; 12/28). Regarding the age of the cats, there was a variation from five months to 14 years, with a greater number of cases in young females and young adults. As it is a social clinic that has cost limitations on the part of the owners, it was possible to perform a blood count on only 37 cats (13.96%; 37/265). In these females, there were few changes in the complementary exams, the most frequent being leukocytosis, recorded in six cats (16.21%; 6/37), all with illnesses related to the indication of OH. In cats in which it was not possible to carry out additional examinations, detailed physical examinations were carried out to guide the selection of the anesthetic protocol and perform the ASA classification. Although additional tests are necessary, this is not always possible in social clinics due to socioeconomic reasons. In this case, detailed physical examinations assist veterinary anesthesiologists in making decisions. In social clinics, elective OH are sometimes performed on patients who are not completely healthy. Such conduct is justified because castration increases the possibility of adoption. Regarding the ASA classification, 237 cats were classified as ASA I (89.4%; 237/265), all of which underwent elective OH. Furthermore, 26 cats undergoing therapeutic OH were classified as ASA II (9.81%; 26/265) and two patients were classified as ASA III (0.75%; 2/265). Therefore, the majority of cats included in the study were classified, from an anesthetic point of view, as low risk, justifying the absence of deaths. In the study's social clinic, elective ovariohysterectomy was more frequent than therapeutic ovariohysterectomy, which is common in social veterinary clinics.
Anesthetic classification; Castration; Drugs; Feline; Mortality.